25 de out. de 2009

caixa de cartas #1

Volto a te escrever. Tentei algo em prosa e o que saiu foi um moralismo falso de quem tenta poetizar as (dores). Eu sei que tu me avisou, mas sinceramente, ainda não consigo entender essa de coisa de celibato emocional. Me soa falso. Coisa de gente aterrada. Subterrada. Não tô dizendo que tu seja assim. Tu é simplesmente conformado. Foi por isso que tu me despistou da tua vida, né? Eu era uma cachoeira e tu um cascalho. Mas enfim, não escrevo pra falar de nós. Quero falar de mim. De como eu quero sempre tanto e de como é difícil encontrar alguém tão, tão, tão... inadjetivado. Pois é, não sei explicar. Mas às vezes eu acho que eu exijo demais de todo mundo. Tu me disse, uma vez, que eu não podia cobrar o meu reflexo nos outros. Cumpro com os pés juntos e te reafirmo que eu aprendi. Não pressiono, não corro. Escabelo o meu coração mas fico na minha. O que vier é alegria. E eu fico alegre. Te lembra quando tu falou que eu não devia chorar na frente de homem? Pois, bem. Isso eu não cumpri. Mas pelo que senti, diferente de ti, ele não agrediu os meus olhos. escondeu o nervosismo com umas risadas simpáticas.

Bom, hoje é domingo. A gente costumava se falar aos domingos. Era o dia que tu entrava no computador a noite. Tu não entra mais e eu sei que é por conta dela. Eu fico feliz. Te juro. Tu sempre teve facilidade em encontrar pessoas estáveis. Tirando eu, claro.

Vou acabar por aqui, colocar alguma coisa nesse meu estômago dolorido e tentar dormir. Quando outra coisa entornar ou explodir eu te encaminho.

Cuida das tuas costas.

A.

15 de out. de 2009

carta para Caio F.

Caio,

Recebi as tuas cartas. Confesso que é intrigante a forma indivisível com que tu separas as palavras. Senti-me mergulhada. Mergulhada não. Afogada nos teus contra(versos). Engraçado é que eu consegui idiotizar todas as sobras que ainda beiravam meu corpo. Sabe Caio, ontem eu gozei como há muito tempo eu não gozava. Te ler, hoje, foi como apalpar todo essa energia tântrica. Sei lá, eu sei que tu acredita nessas coisas: Hemisfério sul, cannabis, Caetano, paz, amor e sexo. Achei que tu ia gostar de saber que eu to me endireitando. Endireitar?. Parece frase de professora primária. E eu sei que tu nunca gostou desse tipo de mulher que baba demais. Acho que é renovar. Transcender. Romper barreiras. Enfim. Com te combinar os ouvidos. O fato é que não dói mais pra respirar. Sim, tu tem razão, ainda sinto o pulmão ao ver maços de cigarro caminhando vazios pelas minhas gavetas. Mas hoje em dia fumar me é uma condição vital. Ah, eu esqueci de contar que ele fuma? Pois bem: ele fuma. Muito mais do que tu. Ele também não gosta de professoras primárias. Ele gosta de meias brancas e calcinhas pretas. Eu digo isso só pra ti, Caio. Acho necessário, saudável e extremamente justo. Afinal, tínhamos um combinado. Só me apaixonaria no momento em que tu te apaixonasse também. Mas agora? Fazer o que? Te faço engolir as perguntas depois de vomitá-las. Tu sempre soube que não seriamos apenas nós dois pra sempre. Agora sinto a cama cheia. E se te deixa mais tranqüilo, sigo tudo o que me disseste. Vou vivendo. Me bordando com essas ilusões bobinhas da vida moderna. É bom. Se não, pelo menos é confortante. Essa coisa de deixar o acaso agir. É genial. Mas meu bem, vou ficando por aqui. Se tu te alonga, eu nos encurto. Eu to bem. Se é isso que importa. Muito bem. Meu sorriso anda colando no rosto, meu corpo transborda um soro meio vermelho. Tem haver com aquilo de viver intensamente.


Te cuida. Enamora esse teu coração. Onde quer que tu esteja.
Te vejo no fim da perspectiva do meu horizonte.

Te aperto e te amoro.

A.

10 de out. de 2009

da mancha na blusa.

ando preferindo as amoras aos amores.


deve ser culpa da primavera.