6 de jan. de 2010

é da chuva que não para.

Chove agora. As coisas não estão no lugar.
E isso é claro pra mim.
Talvez seja isso que me deixe mais triste.
Não é o fato de a minha boca estar longe da tua.
Mas sim, por mais uma vez, eu ter de abaixar a cabeça pro amor.
Eu sinto como se eu estendesse os braços e dissesse:
Me rendo!
Leva tudo. Meu coração, meu ego, tuas marcas no meu peito.
Vai! Leva!
Não quero as nossas fotos nem esse cheiro do teu sexo me rondando.
Queria-te inteiramente como éramos.
Tira essa tua personalidade suja daqui.
Essa que me ameaça e me descuida.
O mais incrível é como tu consegue encostar a faca no meu pescoço e despertar os sentimentos mais ambíguos.
Alguém já se sentiu ambíguo?
Dividido?
bem e mal.
rancor e carinho.
amor e ódio.
Se bem que amor e ódio entram na mesma barca.
O oposto do amor é o não sentir.
É o afastar. O esquecer.
Acho que taí o meu medo.
Que tu me esqueça.
A cor da minha calcinha predileta. O arrepio do meu beijo na tua orelha.
O meu nome.
Tu já pensou se tu esquece meu nome?
Acho que eu preferiria esquecer antes.
Eu queria abduzir a tua presença do meu mundo.
Mas agora parece que meu ódio ta na mesma linha tênue do meu amor.
E talvez eu só quisesse o teu abraço molhado da chuva.
Mas isso tu nunca faria.
É por isso que termino esse texto aqui.
E não aí.


3 de jan. de 2010

na (vida) da de eu.

Estar junto e não estar. Seguir o ritmo da respiração do outro lado da lua. Lembrar do riso do riso do riso. Sentir o gosto da lágrima. Engolir e vomitar o soluço do choro. Amar o que não se tem. Ou o que se tem em pensamento. Pensar em ti é fantasiar tudo o que se podia ter. Engraçado é aceitar a escolha de se estar distante. Diria que é a tua fraqueza. O medo do desconhecido, de enfrentar as próprias loucuras espelhadas no meu olhar. Sempre penso em ti assim, como um objeto livre de amarras, amarrado no egoísmo de outras histórias. Meu amor errante, distante. Que permanecemos assim, fingindo um ponto final.