30 de jan. de 2009

Dreamers


Te prende
na rede
que embala
o sonho
do meu sono.
Antes que eu acorde.

26 de jan. de 2009

"Pornografia" em quatro estações.

Vendo seu reflexo no espelho, Catarina sorriu.
O outono já acontecia nas ruas e um tapete de folhas cobria a calçada.

Em dias frios e ventosos como aquele, ela costumava se sentir mais bonita.
Suas faces brancas avermelhavam e contrastavam com os cabelos mais escuros.

Em volta do pescoço o velho cachecol. Nos ouvidos tocava Bob Dylan.
She makes love just like a woman ele dizia.

E ela sabia que fazia.
Fazia amor, sexo, trepava, transava.
Como uma louca.
E era justamente nestes dias cinzentos que ela queimava por dentro.

Catarina saiu de casa decidida.
Seu corpo estremecia e lhe fazia lembrar que o inverno estava próximo.
Pensou em subir de volta. Fazer um chá e aquetar a alma.
Desistiu dois segundos depois.
Ela queria sim, um bom vinho e um corpo ao seu lado.

Depois de 15 minutos de transporte público, Catarina desceu em seu bar de sempre. Pediu o vinho de sempre e esperou o cara de sempre.
Este não veio.

Mais 20 minutos. Mais duas taças de vinho.
O celular tocou.
Um outro cara que ela conhecera a pouco tempo.
Ele era bonito, inteligente, charmoso. Gostava de Dylan.
Chegou encasacado e de cachecol.
Cachecol era sexy. Ela sempre achou.

Conversaram mais uma garrafa de vinho. Deram meia duzia de beijos.
Meus pais foram pro sitio. Ele lembrou.

O chão da sala virou cama.
Beijos e amassos se misturavam com gemidos molhados.
Seus corpos se uniram de tal forma que viraram um só.
Ela sentia latejar suas pernas, sua barriga, sua nuca.
Parecia que tudo gozava ao mesmo tempo.

Depois de 4 horas não se escutava mais nada além
da respiração ofegante dos dois.
Desabaram em um sono único.

Catarina desapareceu na neblina invernosa que assustava a manhã de outono.
Ela transpirava verão e sorria primavera.

uma frase

Como un guerriero entre el sangre y dolor, mi sonrisa hace flor. (Leandro Borges)

25 de jan. de 2009

Depois de um domingo abafado.

E agora?

Será que tu não é velho demais? Será que nos daremos bem? Nos veremos de novo? Nos beijaremos mais e depois transaremos feito loucos? Será que vai ser bom? Tu dirá palavras obscenas no meu ouvido? Será que eu vou me apaixonar? Tu vai te apaixonar? Será que tu gostou do meu jeito? Será que eu não vou pensar em outros? Tu vai me comparar a antigos amores? Será que tu me dará flores? Será que eu vou derramar lágrimas por ti? Tu vai te dar bem com os meus amigos? Bailaremos um Rock`n roll? Será que tu vai gostar dos meus filmes prediletos? Falaremos de cinema, comida e relacionamentos errados? Falaremos de nós? Nos conheceremos melhor? E agora?


Me ensinaram a gostar assim. Na incerteza.

Poís bem.

Tinham razão.

O gosto do gosto é bem melhor.

23 de jan. de 2009

Don`t look back.

A festa acabou.

Não quero mais!
Ouviram?

Quero só um pouquinho de paz.

Quero meu celular, minha carteira
e meu coração de volta.

Ahh! Essa dor no peito?
Essa podem levar. Não me faz falta.






E uma última coisa:
Os discos do Dylan.
Ficam.
Aqui.

22 de jan. de 2009

Uma de amor.

Dice que no sabe

dice que no sabe del miedo de la muerte
del amor

dice que tiene miedo de la muerte de la muerte del amor
dice que el amor es muerte es miedo
dice que la muerte es miedo es amor
dice que no sabe*







*Alejandra Pizarnik
(1936 - 1972)

21 de jan. de 2009

Tem uma foto tua em baixo do meu travesseiro.

Te queria
meu
único
exclusivo
meu.

Te queria
fora da
rotina,
diferentemente
igual
todo dia.

Te queria
sem passado
em um
futuro
passado
a limpo.

Te queria, te queria, TE QUERIA,Te QueRia, TE QUeriA,
te quero, Te QUERO, Te QUeRo.
Te queria e Te quero.

Nao como antes.
Como agora.



Ah, e compra um vinho que o meu acabou.

19 de jan. de 2009

ponto

Dessa vez ela não teve problemas pra dormir.
A noite antrerior havia sido turbulenta e o que não lhe faltava era sono.
Ela acordou.
Seus olhos ainda estavam vermelhos das lágrimas sem sentindo.
O céu estava cinzento e as ruas cheias de água.
Havia uma certa leveza na sua alma.
Sentia-se livre como nunca.
Ascendeu um inscenso e fechou um baseado.
Sentou na janela e silenciosamente tomou decisões.
Se entregaria menos.
Amaria com menos intensidade.
Cuidaria mais de si do que dos outros.
Não procuraria mais ninguém que a tenha feito sofrer.
E principalmente
Seria menos ingênua.
Bem menos.
Pensou em mais algumas bobagens olhando para o nada.
Apagou o que ainda restava do baseado.


Se reconheceu ao ver seu reflexo no espelho.


“O homem que hoje me amar
encontrará outro (outros) lá dentro
pois que o mate.” Elisa Lucinda

18 de jan. de 2009

Onde foi parar o amor que estava aqui?

Onde está o amor que foi parar?

O amor foi onde?

Aqui está o amor?

O amor?

AMO

16 de jan. de 2009

eu
e
tu
somos
um
reflexo
daquilo
que
podemos
ser
juntos.

12 de jan. de 2009

Virando a esquina.

Te disse que eu escreveria por horas depois de horas de conversa.

Mas não foi assim.

Não pensei em mais nada.

Só em ti.

E em mim.

Sinceramente você pode se abrir comigo
Honestamente eu só quero te dizer
Que eu acertei o pulo quando te encontrei
Acertei

Eu sei a palavra que você deseja escutar
Você é o segredo que eu vou desvendar
Você acertou o pulo quando me encontrou
Acertou o pulo quando me encontrou

Eu aqui e tu ai.

Hoje. Caminhando na rua encontrei aquele inscenso que tu gosta.
Sabe aquele com o cheiro doce? Que o original tem a capinha azul e o falsificado tem uma capinha meio marrom.
Aquele que tem o cheiro do teu quarto, sabe?
Pois então, eu tava caminhando na Borges e encontrei. Uma velinha, dessas bem velinha, tava vendendo. Quando eu pedi esse, ela olhou no fundo dos meus olhos como quem entendesse o porque daquele cheiro.
Sim, era o falsificado e eu comprei três caixas.
Cheguei em casa e ascendi.
O cheiro forte se espalhou por todos os cantos do meu quarto.
Derepente me vi ai dentro.
Dentro de ti.
Os cheiros se misturavam. O meu o teu e o do inscenso.
Minha mãe entra no quarto e o cheiro-delirio se transforma em cheiro-reclamação. O cheiro encomodava o resto da casa.
Eu desejava estar ai agora.
Fazer o que.
Eu tu e o inscenso.

7 de jan. de 2009

Na falta de mim tem eu mesma.

00:04
Faz apenas meia hora que queimou o último baseado.
Minha cabeça dança ao som de Amelie Poulain.
O teto do quarto parece mais alto e distante.
Um mendigo bêbado canta Frank Sinatra nas calçadas.
Comandante Che me avisa da parede que a casa já dorme.
Tua ausência inflama e invade meu corpo que grita um silêncio angustiante.
Montanhas de travesseiros magneticamente me puxam em direção ao colchão.
Meus filmes prediletos tentam chamar minha atencão na estante.
Eu os ignoro.
eles me lembram Ele.
ou Eles.
Já nem sei mais.
São tantos ele que prefiro minha solidão.
Minha solidão acompanhada.


Salve Che, Bertolucci, Beatles.
Salve Millos, Mutantes, Chico.

Vou desligar a luz.