11 de dez. de 2009

EU.

Chego à última estação. Nas mãos uma mala vazia, pronta pra carregar o caminho dentro dela. No único bolso da saia comprida há um maço de cigarros, uma caneta azul e outra vermelha. Há também um pequeno bloco de notas. Mesmo sem saber, uma das folhas carrega uma pétala seca de uma flor antiga. Sinto os olhos embaçados. O pó que sobe dos trilhos se mistura com as lágrimas já sólidas que insistem em permanecer presas a mim. Estou só. Não há música, nem conversas inoportunas. Não há choro de criança. Levo comigo apenas uma trilha sonora. A voz conhecida da minha mãe dizendo pra ter cuidado. Que ela, assim como o meu pai, estariam ansiosos esperando a minha volta. Olho pra trás e te vejo me abanando. Reconheço tua estatura, mas não enxergo os teus olhos. Estão umedecidos do vento que corta o ambiente. O silencio perturbador é interrompido pelo barulho do trem. Sinto as mãos geladas. O peito apertado da espera angustia o coração. As portas abrem. Não há ninguém lá dentro. Ninguém pra me puxar, nem pra me dizer se a viagem será longa ou dolorida. Tu te aproxima e estende a mão. Quase largo a mala no chão pra me atirar nos teus braços. Vejo mais uma vez o interior do vagão vazio. Quando te procuro de volta não há mais nada. Sinto que é a hora e que nada mais pode ser feito. Um pé atrás do outro. Me sento perto da janela pra que a sensação claustrofobica de entrar pra dentro de mim seja amenizada. O motor é ligado e consigo sentir as rodas dando as primeiras movimentadas. A plataforma, antes cinzenta e solitária, se modifica. Estão todos ali. Todos me acenam felizes. Até o teu olhar ta feliz. Aperto a mala contra o peito e já a sinto mais pesada. O trem toma velocidade e eu me afogo em um choro compulsivo. Choro de liberdade. Eu me libertando de mim mesma. As minhas mãos aquecem e o coração acalma. E não é que é apenas o inicio...


fera ferida.

Eu vou te contar que você não me conhece
E eu tenho que gritar isso
Porque você está surdo e não me ouve
A sedução me escraviza a você
Ao fim de tudo você permanece comigo
Mas preso ao que eu criei e não amei
E não a mim
E quanto mais falo sobre a verdade inteira
Um abismo maior nos separa
Você não tem um nome e eu tenho
Você é rosto na multidão
E eu sou o centro das atenções
Mas há mentira na aparência do que eu sou
E há mentira na aparência do que você é
Porque eu não sou o meu nome
E você não é ninguém
O jogo perigoso que eu pratico aqui
Busca chegar no limite possível de aproximação
Através da aceitação da distância
Ou do reconhecimento dela
Entre eu e você
Existe a notícia que nos separa
Eu quero que você me veja nu
Eu me dispo da notícia
E a minha nudez parada
Me denuncia e te espelha
Eu me dilato
Tu me relatas
Eu nos acuso e confesso por nós
Assim me livro das palavras
Com a as quais você me veste.

[Fauzi Arap]


8 de dez. de 2009

Caio F.

Não vamos enlouquecer, nem nos matar, nem desistir. Pelo contrário: vamos ficar ótimos e incomodar bastante ainda.

Só é forte quem consegue se mostrar fraco.



6 de dez. de 2009

hematomas. parte II.

João largou a cachaça. Largou não. Trocou o vicio alcoólico por pacotes de bibs de banana. Passou a prestar atenção na família. Doou sua coleção de antiguidades a uma creche de crianças carentes. Dormia cedo e acordava cedo. Ao menos tentava. Seguidas manhãs ele se perdia pelos lençóis de Raquel. Esta, quando despertava do sono, cheirava toda a parte da cama que recebera o corpo de João. Trepava pelo nariz. Satisfazia-se só com a lembrança dos dois ali.

Quando mais tarde se encontravam, dividiam suas peculiaridades. Não era mais apenas o sexo desprotegido e violento que prendia os dois. Havia algo novo. Algo que nenhum dos dois jamais havia experimentado. Aprenderam a lidar com o tempo e com o cotidiano. Descontruiram tudo. As paisagens, o romantismo, a tpm.

Raquel passou a beber mais e a fumar. João começou a se achar gordo. Acabaram por trocar as casas, as malas e os sonhos. Descobriram novas brincadeiras, experimentaram novas posições para que Raquel gozasse, juraram fidelidade diária. Secretamente, ele fingia dormir, apenas pra ficar mais tempo olhando pros cabelos dela, sempre cheirosos, abraçados no travesseiro. Ela, por sua vez, gostava de raspar as unhas sobre as costas nuas dele. Escrevia nelas tudo o que queria dizer e não tinha coragem.

Os dois aprenderam a não discutir. O silencio era confortante. A fala depois do vácuo, o beijo depois da distancia e o abraço depois do choro, fazia cada segundo valer a pena.

Na cama? Bom, acho que já falei.

Eram dois despudorados.

1 de dez. de 2009

Leminski`s do dia. Ou da noite.

a noite - enorme
tudo dorme
menos teu nome.





Apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme.

23 de nov. de 2009

pra te encontrar aqui.

Caralho. Eu quebrei a porra da letra v do meu teclado. O ctrl v fica inutilizado e eu só consigo copiar. O colar perde todo o sentido. Além disso, coloquei um incenso forte aqui no quarto pra não ter perigo da minha mãe sentir o cheiro do cigarro, já que tu, meu álibi, se afundou nas tarefas universitárias e esqueceu que eu precisava saciar minhas vontades no teu corpo. Passo o fim da noite escutando músicas de mulherzinhas do passado. Destinys Child, Cristina Aguilera, Toni Braxton, TLC, Spice Girls e por ai vai. Chega a ser engraçado. Eu aqui, pensando em explodir de excitação, paixão, tesão e tu ali, na tua introspecção caótica, submerso na luz do teu quarto que me reflete na janela. Ai eu fico olhando o cinzeiro enquanto seu conteúdo aumenta, falando com meninos que acham que me conhecem e tentam ganhar um pouquinho de atenção falando de cinema e teatro e música e me convidam pra visitar suas casas e eu nego porque era contigo que eu queria estar. Será que é muito difícil entender que eu ando de peito aberto, sangrando toda minha paixão e que quando eu gosto, eu me atiro no trilho descarrilado e só paro depois de atropelar centenas de vidas. Eu gosto disso. De viver intensamente as relações. Porque eu não sei quando pode vir um novo trem. Tu sabe que eu estou sempre de malas prontas nas estações. E mesmo que eu trema as pernas, sempre sou impulsionada a novidade. Deve ser por isso que achei bom tu ter “esquecido” de dizer que estaria cansado demais pra vir até aqui. Me fez refletir sobre a grandeza da solidão. E garoto, ela é imensa. Tão imensa quanto o medo. Esse que tu sente quando teu olhar se cruza com o meu por mais de 30 segundos. escrever me ressucita. só morro mesmo de amor.*



*Fabrício Carpinejar.

18 de nov. de 2009

quando é bom a gente fala.

Hoje foi um dia inusitado. Decidida, comprei um livro. Maravilhoso. Fui convidada pra ser atriz de um VT de lubrificante. Dormi por 40 minutos no ônibus. É quase inaceitável o tempo que o T9 roda pela cidade. Comprei um doce delicia. Encontrei velhos amigos. Conheci um novo terapeuta e chorei falando da vida. Dancei na chuva. Pensei em ti mais do que eu gostaria. Vi uma peça linda. Chorei ouvindo Billie Holiday. Pensei em ti um pouco mais e lacrimejei meu orgulho ao ti ver tão lindo. Ou te imaginar tão lindo. Passei o dia vestida como uma colegial londrina. Fumei mais do que eu gostaria. Comprei uma passagem por 5 euros de Paris pra Barcelona. Escutei Belchior sem parar. Pensei em voar pelo vento e encontrar uma nova razão de vida em um lugar bem diferente. Vi um menino no ônibus. Ele usava um aparelho, acredito eu, para segurar a coluna. Sua camiseta tinha a silhueta do rosto do Bukowsky desenhada a mão. Afude pra caralho. Sinto sono e carrego nos ombros os pequenos prazeres que a vida oferece de abraço aberto. É bom registrar.

Que eu ainda sou bem moço prá tanta tristeza
Deixemos de coisa, cuidemos da vida.


16 de nov. de 2009

o seu olhar me olha.

O seu olhar melhora o meu.

12 de nov. de 2009

Teu caminhão atolou na minha areia.

Sou volúvel mesmo. Carrego o mundo nos ombros. Sou gulosa. Desastrada. Carinhosa, com os que se permitem aproximar. Nao me acho bonita. Me acho sexy. Acreditem: isso é muito melhor. Desaprendi como se dorme em cama de solteiro. Abro pequenas exceções. Sou intensa e indiscreta. Tenho poucos vícios. Chocolate, sexo, fumaça, vestidos, cinema. Meu corpo é frágil embora eu quase nunca fique doente. Tenho uns pequenos tremiliques, de vez em quando. Acham que pode ser neurológico, espiritual ou apenas frio. Pra mim é amor demais. Por tudo. Me acho bastante inteligente, porém preguiçosa. Poucas pessoas seguram a minha fidelidade. É que eu sei o que eu quero. Quero ser o que tu quer. Agüenta?




"somos arquietípicos,
ridículos, etéreos
e nunca comuns.
comuns são os casais,
nós não somos nada."

Fernanda Young

3 de nov. de 2009

caixa de cartas #2

Oi. Oi não. Boa noite. Boa noite de chuva. Acabei de chegar em casa. Eu disse que eu não fumaria mais durante o dia, né? Pois é. Ainda não consigo controlar meus impulsos e nossa, vou te dizer: Nada como uma tarde chuvosa. Vim da casa do paulista. Eu já te falei sobre a casa dele? Parece que ele coleciona quinquilharias de todos os tipos. O quarto dele tem uma luz vermelha que penetra o corpo e desperta aquele meu lado que tu conhece melhor que ninguém. Acho que eu te escrevo querendo que tu me escute. Eu escuto Arnaldo Antunes e seguro a minha cabeça pra que ela não caia pra trás e pese o meu corpo ao encontro do colchão. É estranho essa coisa de estar perto e longe ao mesmo tempo – essa saudade de estar perto se longe, de estar mais perto se perto- . É como uma vertigem, um oásis, um teto de shiva. Acabei com um pote de uvas verdes sem caroço enquanto olhava as nossas fotos. Fiquei intrigada com a força que sai dos meus olhos enquanto te olhava. Tu gosta de uvas verdes? Engraçado eu ainda não saber isso, mas acho que nunca tivemos uma oportunidade para comermos uvas juntos. Mudando de assunto. Eu tava falando com a Ju e ela me falou sobre uma peça que estava em cartaz no rio de janeiro. Gostei do nome: Maquina de Abraços. Hoje era um dia que queria uma maquina dos teus abraços. Queria teu cheiro, tua saliva, teu avesso todo. Entendo que a faculdade seja importante. Importantíssima. Logo, me contento a te escrever. Pensando bem. É bom ter vontade. Estimula a imaginação. Algo talvez não muito necessário nas minhas condições atuais, mas, né. Enfim, vou tomar um banho, passar aquele perfume de limão, colocar uma calcinha preta e dançar na janela.

Estuda bastante. O entorno do tempo é o que o torna interessante.

Te beijo. Daquele jeito.

A.

25 de out. de 2009

caixa de cartas #1

Volto a te escrever. Tentei algo em prosa e o que saiu foi um moralismo falso de quem tenta poetizar as (dores). Eu sei que tu me avisou, mas sinceramente, ainda não consigo entender essa de coisa de celibato emocional. Me soa falso. Coisa de gente aterrada. Subterrada. Não tô dizendo que tu seja assim. Tu é simplesmente conformado. Foi por isso que tu me despistou da tua vida, né? Eu era uma cachoeira e tu um cascalho. Mas enfim, não escrevo pra falar de nós. Quero falar de mim. De como eu quero sempre tanto e de como é difícil encontrar alguém tão, tão, tão... inadjetivado. Pois é, não sei explicar. Mas às vezes eu acho que eu exijo demais de todo mundo. Tu me disse, uma vez, que eu não podia cobrar o meu reflexo nos outros. Cumpro com os pés juntos e te reafirmo que eu aprendi. Não pressiono, não corro. Escabelo o meu coração mas fico na minha. O que vier é alegria. E eu fico alegre. Te lembra quando tu falou que eu não devia chorar na frente de homem? Pois, bem. Isso eu não cumpri. Mas pelo que senti, diferente de ti, ele não agrediu os meus olhos. escondeu o nervosismo com umas risadas simpáticas.

Bom, hoje é domingo. A gente costumava se falar aos domingos. Era o dia que tu entrava no computador a noite. Tu não entra mais e eu sei que é por conta dela. Eu fico feliz. Te juro. Tu sempre teve facilidade em encontrar pessoas estáveis. Tirando eu, claro.

Vou acabar por aqui, colocar alguma coisa nesse meu estômago dolorido e tentar dormir. Quando outra coisa entornar ou explodir eu te encaminho.

Cuida das tuas costas.

A.

15 de out. de 2009

carta para Caio F.

Caio,

Recebi as tuas cartas. Confesso que é intrigante a forma indivisível com que tu separas as palavras. Senti-me mergulhada. Mergulhada não. Afogada nos teus contra(versos). Engraçado é que eu consegui idiotizar todas as sobras que ainda beiravam meu corpo. Sabe Caio, ontem eu gozei como há muito tempo eu não gozava. Te ler, hoje, foi como apalpar todo essa energia tântrica. Sei lá, eu sei que tu acredita nessas coisas: Hemisfério sul, cannabis, Caetano, paz, amor e sexo. Achei que tu ia gostar de saber que eu to me endireitando. Endireitar?. Parece frase de professora primária. E eu sei que tu nunca gostou desse tipo de mulher que baba demais. Acho que é renovar. Transcender. Romper barreiras. Enfim. Com te combinar os ouvidos. O fato é que não dói mais pra respirar. Sim, tu tem razão, ainda sinto o pulmão ao ver maços de cigarro caminhando vazios pelas minhas gavetas. Mas hoje em dia fumar me é uma condição vital. Ah, eu esqueci de contar que ele fuma? Pois bem: ele fuma. Muito mais do que tu. Ele também não gosta de professoras primárias. Ele gosta de meias brancas e calcinhas pretas. Eu digo isso só pra ti, Caio. Acho necessário, saudável e extremamente justo. Afinal, tínhamos um combinado. Só me apaixonaria no momento em que tu te apaixonasse também. Mas agora? Fazer o que? Te faço engolir as perguntas depois de vomitá-las. Tu sempre soube que não seriamos apenas nós dois pra sempre. Agora sinto a cama cheia. E se te deixa mais tranqüilo, sigo tudo o que me disseste. Vou vivendo. Me bordando com essas ilusões bobinhas da vida moderna. É bom. Se não, pelo menos é confortante. Essa coisa de deixar o acaso agir. É genial. Mas meu bem, vou ficando por aqui. Se tu te alonga, eu nos encurto. Eu to bem. Se é isso que importa. Muito bem. Meu sorriso anda colando no rosto, meu corpo transborda um soro meio vermelho. Tem haver com aquilo de viver intensamente.


Te cuida. Enamora esse teu coração. Onde quer que tu esteja.
Te vejo no fim da perspectiva do meu horizonte.

Te aperto e te amoro.

A.

10 de out. de 2009

da mancha na blusa.

ando preferindo as amoras aos amores.


deve ser culpa da primavera.

24 de set. de 2009

prefiro assim.

Estraga meu corpo que eu estrago tua alma.

Depois me come de quatro.

Que é pra eu não ter que consertar teus olhos.


21 de set. de 2009

frases, letras e a falta de tempo.

Seria mentira dizer que ando sem tempo pra escrever. Fisicamente, tenho bastante. Meus pensamentos que resolveram entrar em curto circuito. Toda hora, todo minuto. Muito. Ando confusa. Confundida. Quase Convulsionada. Entro no tornado e me torno o entorno.

Li boas frases essa semana. Queria dividir. Elas e eu.

Se você sabe conviver com pessoas intempestivas, emotivas, vulneráveis, amáveis, que explodem na emoção: acolha-me.
clarice lispectos

Não, meu bem, não adianta bancar o distante: lá vem o amor nos dilacerar de novo...
Caio Fernando

O nosso medo de assumir riscos nos deixa viciado no depois. filme "se nada mais der certo"


17 de set. de 2009

Cansei de querer te transformar em poesia parnasiana.

Te busco pela irregularidade.

Escrita livre. Performática. Assimétrica.

Tua vida desproporcional que parece me engulir.

Ainda é só o rascunho,

não

?

...

14 de set. de 2009

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá eu sou amiga do rei!

10 de set. de 2009

radiohead.




O Rain Down é um projeto colaborativo entre fãs do Radiohead para a realização de um DVD do show realizado pela banda no Brasil, focando o show de São Paulo, que aconteceu no dia 22 de março de 2009. A edição é toda feita com vídeos amadores gravados por pessoas que estavam lá.

www.raindown.com.br
www.raindown.com.br
www.raindown.com.br

9 de set. de 2009

dependências, convivências e um pouco de arte.

Fui ver a peça Fando e Lis(todas as quartas de setembro no ocidente, 22h) baseada no texto do dramaturgo Fernando Arrabal e no filme do diretor doidão Alejandro Jodorowsky. O texto é delicado e fala de dependências. Físicas e emocionais. Os atores estão lindos e a trilha é impecável. Lis, paraplégica, e Fando, viajam em busca de uma terra desconhecida. Andam e acabam sempre no mesmo lugar. A convivência é necessária e claustrofóbica. As vezes, perder pra sempre é melhor que manter perto algo corrosivo.
Vale a pena. O livro, o filme e a peça.

"ninguém pergunta nada. estão todos ocupados procurando formas de se enganar" Lis.

Pensando mais a fundo em dependências, lembrei de uma outra obra prima: O natimorto.
Livro genial do escritor brasileiro Fernando Mutarelli.
De forma irônica, bem escrita e muitas vezes assustadora, Mutarelli, narra a convivência de dois excêntricos personagens: uma cantora sem voz e um agente artístico que nada faz. O cara mistura todas as formas possíveis de narracão. Ele brinca com a imaginação do leitor. Cada frase que se lê é uma frase a mais que se tem vontade de ler.

LEIAM! PELO AMOR DE DEUS!

"O Agente - Eu tenho uma sensaçao muita estranha... quase um medo.
A voz - Do que?
O Agente - De que eu só exista para as pessoas quando estou ao lado delas
A Voz - Como assim?

(...)

A Voz - Bom, se fosse assim, como você diz, ninguém mais lembraria de você. Nem seus amigos, nem seus parentes.
O Agente - É, mais ou menos.
A Voz - Com assim mais ou menos?
O Agente - É que quando os revejo, eles se lembram; eu só deixo de existir durante a minha ausência."

8 de set. de 2009

Uma rua chamada pecado.

O Marlon Brando é tao brutalmente S E X Y
que eu abdicaria de todos os homens do mundo
por ele.






Quer dizer. O Devendra Banhart continuaria na luta.




É isso.
Kiss Bill.

7 de set. de 2009

ode a volta.

Permanecer sempre me foi um desafio. Impaciência, tédio, incostância. Meu ponto final sempre veio acompanhado de outros dois. Lembro de ser acusada de instável por uma duzia e meia de namorados. Quando a situação já era absurda, eu fechava os olhos, tampava os ouvidos e corria sem direção até embarcar em uma nova relação, trabalho ou grupo de amigos. Deve ser por isso que na minha bagagem, até agora, não haja irmãos companheiros ou grandes amores. Não da tempo. Ou melhor. Tempo cronológico até da. O difícil é a minha cabeça acompanhar. Vejo o que passou como uma ventania. Igual a dessa noite. Destrambelhada e atormentada.
Eu cansei. Agora quero me enrolar com todos os seres especiais.
Quero viver uma paixão dilacerada.
Quero ter amigos eternos.
Quero realizar todos os meus projetos até o final.
Fugir sempre cansa. Ou perdemos o ar ou acabamos no lugar errado.

2 de set. de 2009

Fiz uma tatuagem nova.
Diferente de quase tudo na minha vida,
fiz ela em silêncio.
Eu e ele.

Desejei,
sozinha,
cada uma daquelas
agulhadas.

Na minha pele,
um ciclo se abre
e fecha.

Essa é a cicatriz dos não amores.
Da minha vontade de florecer.
Só.

30 de ago. de 2009

Hematomas.

Despudorada. Na cama, Raquel sempre amou demais. Estudava de perto as diferentes circunferências, tamanhos, gostos e cheiros. Ela se apaixonava pelo sexo. O resto era resto. Tentou, algumas vezes, sem sucesso, acreditar no amor espiritual. Raquel precisava de carne. Carne nova. Era quase como uma vampira sedenta por sangue. Algo pra afirmar sua imortalidade em meio aos homens. Os antigos desamores só a contaminavam de besteiras. Passou a ocupar o tempo bebendo em butecos. Gastava o que tinha e o que não tinha. Fumava a erva de amigos. Ninguém mais a despertava. Até conhecer João.

João, 24 anos, estudava de manhã e trabalhava a tarde. Tinha os olhos mais bonitos do bairro. Secretamente sonhava ser campeão mundial de ioiô. Gastava seu dinheiro com cachaça e com uma coleção de antiguidades macabra. Carregava no peito um aviso: Não me apaixono.

Trocaram olhares. Foram pra cama. Possivelmente nem lembravam um o nome do outro. No dia seguinte tentaram um beijo salgado com gosto de sono. Cruzaram-se mais algumas vezes. Brindaram outros corpos. Ele se escondia atrás de copos. Passava a imagem de felicidade eterna. Poucas pessoas o viram sério. Raquel, não muito diferente, esporadicamente, lembrava dos olhos de joão. Dos olhos?

Encontraram-se de novo. Um ano depois. Sabiam mais sobre o outro. O decote das costas de Raquel instigara João. Beberam meia duzia de cervejas. Havia no ar uma sintonia orgânica. Os dois corpos estáticos dançavam uma só coreografia. Falaram sobre o preço da maconha, sobre plantações de cebola no centro da Ásia e sobre a vontade de ambos em conhecer Amsterdam. Dessa vez, foram pra casa dele. Inexplicavelmente, Raquel não se preocupou com o tamanho do pau. Ou com a velocidade da transa. Tudo já parecia perfeitamente homogêneo. Ela simplismente gostava de sentir o próprio gosto na boca dele. Os dois pareciam sentir quando era hora de abaixar e levantar as calças. Se despediam com roxos nos braços, pulmões imundos e dúvidas na cabeça.

João tornava-se a paixão que ela tanto entregara fisicamente para outros mil. Juntos, redescobriram o sexo. Era a constante troca que acalmava Raquel.

Eram dois despudorados.

27 de ago. de 2009

A última romântica

Digo que é bom.



Deixa ser, pelo coração
Se é loucura então, melhor não ter razão
...

24 de ago. de 2009

Ninfos, Ninfas e o que mais vier.

Ela tirou toda a roupa. Queria ficar no limite. Fechou a porta e silenciosamente passou a tranca. Não sabia se era a adrenalina que subia pouco a pouco ou se realmente a chave gemeu ao deslizar pela fechadura. Seu coração batia em todas as extremidades do corpo. A cadeira fodia um sapato que timidamente tentava chupar uma toalha lilás. A luz que vinha do abajur era quente e penetrava sua pele. Parecia uma daquelas febres que queimam o interior dos corpos. De dor ou de amor. Uma convulsão erótico subitamente possuiu seus braços, suas pernas e o que restava da cabeça. Ela escorou a barriga no parapeito e seu peito na madeira gelada. Os cabelos, longos, loiros, escorregavam para baixo, enquanto seus olhos fitavam o asfalto. Todos os prédios vizinhos acordaram com sua risada explosiva. Era um gozo profundo. Uma mistura de drogaa lisérgica com sexo tântrico. Mas nada havia naquele momento. Ali, dentro dela, não tinha espaço para anfetaminas. Muito menos para membros masculinos. Era a transa dela com ela. Ela no transe dela.

22 de ago. de 2009

dos astros as artérias.

O ar que sai do ar condicionado machuca minha pele.
Eu já disse isso aqui uma vez.
Hoje era um ar quente.
Lá fora faz frio.
Aqui dentro sinto uma mistura de desconforto e embriaguez.
Se bem que depois da linha de equilibro, embriaguez e desconforto,
estão diretamente ligados.
Não no meu caso.
O desconforto vem do vestido tomara que caia.
A embriaguez vem da garrafa de esupumante.
Eu tiro o vestido.
Gosto do corpo livre de amarras.
Escrevo pra me sentir mais livre.
Conquisetei a pouco minha liberdade passional.
Eu inclusive conheci caras diferentes.
Fiz um punhado de novos parceiros.
E talvez até descole uns trabalhos.
É a lua saindo de leão.
Ou derepente fiz as pezes com o acaso.
Tanto faz. Contando que continue assim.
Ou melhore.
Subir um degrau é sempre melhor que ficar no lugar.
Meu enraizamento tem tempo de validade.
E isso se reflete em tudo.
Do corte de cabelo as paixões.
Hoje eu sou loira.
Faco cinema.
E me interesso por mil bocas diferentes.
Amanhã?
Deixo que amanhã me responda.

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O sempre só existe na incerteza do tempo. Os momentos, são nossos.

Escrevi isso e mandei. Por mensagem de texto. No meio da mdrugada. Pois é. Me fizeram pensar sobre essa coisa de sempre. É essa incerteza no tempo, uma indecisão de tempo. Estraga tudo. Pensar em tempo. O que vale são os momentos. Esses de agora. Não os de depois.

17 de ago. de 2009

Clarah Averbuck para todos os homens do mundo.

Deus, tenha piedade de mim. Eu vou morrer sozinha, deus? Todos os meninos são assim? O senhor não fez nenhum que não
fuja de problemas? Nenhum que não tenha medo de correr riscos, de quebrar a cara, de acelerar em direção a um muro e desviar no último segundo? Qual o problema desses caras? Desisto. Me demito. A conta, por favor.
(...)
Fiquei olhando ele atravessar a rua. Indo embora. De novo. De novo esta merda. Os homens devem ter um sindicato. Eles decoram o texto, recitam com a mão no peito e ganham uma carteirinha secreta. No livro de regras deve ter coisas como “nunca fique com uma mulher que possa quebrar seu frágil coração maricas”, “observe a reação dos ex-namorados e ex-casos dela. Se forem todos ressentidos, dê no pé imediatamente” e “fuja de mulheres intensas, elas são todas malucas”.

da tua barba mal feita.

Bocas buscam
bocas
que buscam
outras
bocas.
O contrário do
beijo
é a busca
que não encontra
a boca
que buscava a
sua.

12 de ago. de 2009

os nossos eufemismos

Como se fosse fácil sair dessa selva .
Engraçado é eu não lembrar de dificuldades na hora de entrar.
É sempre assim.
Ao embarcar rumo o desconhecido, todos, cegos, abanam coreograficamente pro além mar.
Idiotas.
Mal sabem eles que o descer do navio requer uma prática quase militar. Rasetejar por entre as árvores sem olhar pra trás.
Talvez não sejamos dignos de lembrar o que não foi vivido intensamente.
Jogo a pergunta e espero um vento
(não)
passageiro me trazer a resposta.
Devemos sair do labirinto conhecendo apenas um caminho? Brincar de gangorra com o medo, quando o nosso equilíbrio é o que tu busca.
Inconscientemente?
É bem possível.
O teu ser passional me precisa da mesma forma que o teu ser físico me repele.
Criamos um vetor e acabamos no infinito dele.
O fim do infinito é a antítese do nosso começo.
Será que agente aguenta?
Eu, sinceramente,
espero que não.

8 de ago. de 2009

perra.

quero conhecer esse lugar de onde tu veio.

2 de ago. de 2009

de tanto coração a água transbordou.

eu vi teu

cheiro

d
e
s
c
e
n
d
o

pelo ralo do banheiro.

25 de jul. de 2009

Fake Plastic Trees

Passei o dia estupidamente tensa. O frio em excesso faz com que todas as partes do meu corpo se controaíam. O Brasil não é preparado para dias assim. As pessoas que moram nas esquinas tentam se esquivar da fome e acabam por morrer de frio. O vinho não da conta. Nem abraços dão conta. Muito menos esses momentos nostálgicos que andam surgindo em meio as minhas atividades de lazer. As músicas, os cheiros, as formas das árvores.

tu dizia que queria morar no alto. e sentir que era possivel caminhar em cima de seus galhos.

Tu acredita que eu te vi em outro rosto? Um alguém desconhecido que roubou tua face e teu jeito. Ou será que eu nunca soube quem tu era? Em que momento a trilha perdeu o ritmo? Quando foi que deixamos de ser nós mesmos? Alguma vez fomos nós mesmos? Eu me pergunto isso tudo porque faz tempo. E o tempo mal curado encomoda como o final de cada episódio dessas séries que estão por comer meu cérebro. A vontade de saber o próximo, o próximo e o próximo. O nosso próximo não existe mais, não é mesmo?

Ctrl Alt Del.Rápido. Só abrir um outro arquivo e salvar na área de trablho.

Na verdade, agora já nem importa mais. Quer dizer. Claro que importa. Ou eu não estaria escrevendo sobre isso. O que eu quero dizer é que não perderei mais tempo pensando em algo que talvez nunca tenha existido própriamente.
Deve ter sido fruto das nossas mentes criativas.

Se bem que pode ser também paranóia com a proximidade do meu aniversário. Crise dos 20 anos.

Não percam os próximos cápitulos...



BAIXEM RADIOHEAD!

21 de jul. de 2009

Ufa!

Meu relógio biólogico pifou. Como tem acontecido, despertei perto das duas e vinte e quatro. Não me dei o trabalho de sair da cama. Faltava um episódio pra terminar a primeira temporada do six feet under.

Meu mais novo vício. Esses seriados deviram vir com tarja preta. Talouco!

Resolvi me movimentar e fazer un exames na auto-escola - Sempre achei chamoso mulheres que dirigem. - Levantei da cama e o dia estava estranho. Pegajoso, molengo, sei lá. Parecia que o dia tinha tomado um porre e estava de ressaca.

Rastejei até o banho. Deixei a água cair. Tentei esquecer do caos do quarto, das montanhas de roupas, dos malditos emails.

Não me deixaram fazer a merda do exame psicotécnico porque eu esqueci a porcaria do comprovante de residencia. Caralho. Eu só teria que desenhar uma casa e um chão. E dizer que eu só bebo socialmente e não uso drogas. Putos, putos, putos.

A atmosfera do dia ainda me causava estranheza. Estava quente. Melhor, abafado. As pessoas estavam abafadas, cansadas.

Já estava perto da noite e eu ainda não tinha almocado. A Lari só chegaria do trabalho perto das sete horas. Rumei a lanchera. Caminhei ao som de los hermanos e observei. A senhora que parou na loja de artesanato e desejou a vitrine inteira. O guri sorridente que carregava um buquê de girassóis – ele era lindo. o buquê. O amarelo contrastava com o cinza do dia – e ele o carregava com tanto amor. fazia tempo que eu não sentia ciúmes.

Pedi um prensado com tomate. Um suco de maracujá. Não, não. Uma coca. Sim, uma coca. Não sei o que me deu. Pedi uma coca. Tirei o On the road da bolsa. Aquele livro, nesse dia estranho, fazia muito sentido. Esqueci do resto que passava em volta. Naquele momento só existia eu e os malucos caroneiros que rumavam o oeste. Sempre me arrependo do tomate. Voltei pro livro e pra vontade de pegar o primeiro onibus com destino a lugar nenhum.

Aquilo ali é literatura. Disse o rapaz da mesa ao lado. Com o dedo apontado pra minha mesa. Eu sorri. Ele também. Ele não era bonito. Acho que era o olhar. Ou a boca . Algo nele era misterioso. Comi o branquinho que já me esperava fazia um tempo, sorri mais uma vez para o intruso da mesa e fui embora.

O vento me dizia que viria tempestade. Aquele vento quente e úmido. A recomendacao era ficar em casa. Vento a 100km/h diziam no rádio. Fui ver uma peca no gasometro. Nada melhor que a beira de um rio a beira de uma tempestade.

Agora estou em casa. A chuva não chega. Só a janela que anuncia a ventania. Fico eu e o Jack. Penso em voar daqui.
Te encontrar na boca de um ciclone.

18 de jul. de 2009

Perdoa-me os erros, o cheiro de cigarro e a falsa sinceridade.

São quinze pras seis da manhã e eu acabei de mandar emails freneticamente pra marcar uns testes de elenco. Pensei em dormir mas a voz do Dylan me mantém acordada como uma daquelas drogas que agente gosta de tomar pra ver o mundo em cores psicodélicas.
O dia deve amanhecer em menos de uma hora mas essa chuva fina que cai desde o fim da tarde deve ofuscar um possível aparecimento do sol.
Passei a noite em uma festa com caras engraçados. Eles tentavam cantadas mal ensaiadas e a única coisa que conseguiam deixar era o bafo de whisky no meu ouvido. Faltou alguém que não dissese nada.
Acho que faltou tu.
Ou não. Essa altura da manhã não tem como achar muita coisa.
Minha mãe acabou de entrar no quarto. Não entendo como ela consegue acordar as oito pras seis da manhã. Ela pediu pra eu arrumar o quarto antes de dormir. Acho que só uma mãe pensa coisas desse tipo. Ela sabe que eu não vou arrumar. Essa bagunça faz parte de mim.
É o meu caos calmo.
Fumar um cigarro na janela foi a última idéia que me surgiu na cabeça. O vento frio me acordaria e eu poderia acompanhar o nascer do dia. Será que vale a pena? Sinceramente. Se eu tivesse só em pelo e pele e enrolada em ti, afastando o vento com o teu calor.
Talvez tudo valesse a pena.

(...)

fazia tempo que eu não...
chora...
é.
chorava.
bom.
bem bom.

12 de jul. de 2009

já nelas! vem tu.

Tive que fechar as janelas.

Está ventando por ai?

Fala de que ventania?

Daquelas que chegam no fim da noite e te desmontam.

(...)

Olha. Acho que não.

Então pra que fechar as janelas?

Tenho medo de ti.

Mas eu entraria pela porta.

Tu?
(...)
Pela porta?
(...)
Eu duvido.


No fundo ele tinha razão.

you're gonna lose that girl.

If you don't take her out tonight,
She's gonna change her mind
And I will take her out tonight,
And I will treat her kind.

10 de jul. de 2009

Im dancing with my self.

um pra lá.
dois pra cá.

8 de jul. de 2009

ressaca verbal.

putz.
putz.
putz.

5 de jul. de 2009

das coisas esquecidas no sono

Estréia amanhana(segunda).
"das coisas esquecidas no sono".
baseado em baseado de fatos reais.
Meu roteiro.
Minha direção.
Filme de uma galera mutcho louca.
Quem quiser.
19h.
Famecos/PUC.
Auditório.

Vive le cinéma.

1 de jul. de 2009

con junto de mim: em ti.

vem.
cadê tu. meu tu inventado, embolado, enroscado.
cadê meu principe destronado.
quero meu conto de fadas.
quero a antítese dele.
te quero diferente.
ao contrário.
não do que tu é.
mas sim do que somos.
seria simples.
vem.
te solta desse lugar nenhum.
ainda tem tempo de existirmos juntos.
conjunto.
eu grito.
vem.

20 de jun. de 2009

Asmática

Olha pra mim.
Olha.
Vê como eu me seguro.
Como eu caminho no meio fio sem perder o equilibrio.
Teus sentimentos levianos não me apavoram.
Mais.
Agora.
O que me assusta é essa pontada no pulmão.
Algo me diz que devo jogar os cigarros no lixo.
Talvez possa esperar mais uns dois dias.
Ou uma semana.
Possa?
Quem?
Eu.
Ou os cigarros?
O pulmão.
Meu coração.
Não.
Ele não pode.
Esperar?
Respirar.
Ah, Oxigenio?
Preciso de ar.
Tu tem?
Divide comigo?
O que?
O pulmão?
Não.
O coração
.

13 de jun. de 2009

Ci nem a(ma)

Scorsese disse uma vez que tudo se resume a uma pergunta: Você tem algo a dizer?
Me dei conta que eu tenho muito a dizer. Que tenho desejo de compartilhar o que vejo.
Tudo que se vê se transforma depois de visto.
Ali. a minha visão.

www.negativosqueimados.blogspot.com

last tango.

Não sei mais chorar.

Obrigada.

3 de jun. de 2009

sobre os blusões de lã II

A noite era a mais fria do ano.

O caminho de volta já era um conhecido meu. Porém, fazia tempo que não fazia sozinha...

...o caminho de volta,

sem a tua presença, parecia mais longo. Era possível até ouvir o ranger do balanço que balançava com o vento.

Engraçado é eu nunca ter notado aquele balanço que dançava solitário em meio a outros balanços que não balançavam.

balanço bailarino que bailava minha volta.

Ainda virei pra trás ao ouvir o som de um portão. Podia ser tu.

Fazendo o caminho de volta.

1 de jun. de 2009

Sobre os blusões de lã

Hoje foi um dia frio. Frio daqueles que parece impossivel terminar um cigarro. Que os dedos ficam roxos e as bochechas vermelhas. É nesses dias que o vento venta mais forte e de tão forte faz com que imaginariamente tiremos os calcanhares do chão. Frio de cama, de pernas e de vinhos.
Bom esse frio. Só que muito frio.
Só seria um frio melhor se amanhã não houvesse nada.
Só eu e tu.
Ah.
E o frio.

26 de mai. de 2009

pés pelas mãos

Ela sentada. A bolsa na cadeira ao lado.
Tá esperando alguém?
Não, não. Eu costomo sair acompanhada da minha bolsa.
E da tua ironia também. pelo jeito.
Ela tira a bolsa. Ele senta e coloca as mãos sobre a mesa.
Tua mão é sempre bonita, assim?
Eu trabalho com ela.
Ahnn. Tu é massagista?
Só nas horas vagas.
Ele ri. Ela não.
Eu sou dentista. E tu?
Eu sou bailarina.
Tu trabalha com teus pés então.
É. Mas eles não são bonitos.
Vou buscar uma cerveja.
Ele nunca voltou.

25 de mai. de 2009

A vocês.

Escrever foi a forma que encontrei de me livrar e/ou entender certas turbulencias que de vez em tanto me aparecem. Sem nenhuma pretensão criei um blog. Talvez por moda. Talvez por ego. Depois de um tempo sem nome, resolvi chama-lo de saída de emergênica. Na hora do aperto é só abrir a porta e sair correndo. No meu caso, escrevendo. Aí, começei colocando as palavras de qualquer jeito, vomitando uma letra atrás da outra. Fui me dar conta que o x da questão não é o lugar que estão estas palavras e sim o que elas querem dizer. A velha e conhecida batalha entre forma e conteúdo. E o mais legal é quando tu te encontra no meio disso tudo. E as pessoas te encontram também. Aí é aquele falatório: comentários, linkar blogs amigos, contador de pessoas. E derepente tu te torna um e-scritora. O passo seguinte é se divertir com a imaginação alheia. Cheguei a pensar em legendar meus textos. Colocar asteriscos, ou notas de rodapé.

*Escrevi depois de uma depressão profunda.
*Escrevi na volta do Rio de Janeiro.
*Escrevi depois de um pé na bunda.
*Escrevi pro Joaozinho, pro Pedrinho, pro Luizinho.

E assim vai. Mas logo desisti da ídeia. É legal saber que amigos, inimigos, ex-namoradas, ex-namorados, loucas, obcecados, tarados e todo o tipo de gente que entra aqui, lê e tira a impressão que mais gosta, que mais lhe faz bem ou simplismente que sua capacidade criativa permite.

Enjoy.

17 de mai. de 2009

nada mal pra um domingo.

Tenho a impressão que dias de sol foram feitos para serem felizes. O de hoje não. Acordei pontualmente as 9:00 de um sono não dormido. O quarto me estranhava assim como os braços que me enrolavam. Demorou quinze minutos pra eu juntar meu orgulho ferido, o celular que não recebeu resposta e uma parte das roupas que se encontravam no chão. Saí de lá apressada carregando dez quilos a mais na cabeça. Ah e ela doia. Entrei no elevador desejando que ele estivesse só. Meu humor matinal estava beirando a explosão de lágrimas e uma raiva profunda. Ao abrir a porta me deparei com um casal de velinhos chineses. Ela me olhou de cima e baixo e disse frases em mandarim. A rua me esperava com cheiro de ressaca dominical. O sol fazia minha cabeca doer mais. Peguei um taxi e parei na esquina de casa. Ainda tive forças para caminhar até a tua porta. Pensei em te ligar, oferecer um café. Ou simplismente pensei que tu poderia estar ali. Me esperando. Mas não. Quando me dei conta, virei as costas e subi. Agora: espero que chova.

14 de mai. de 2009

Ele sabe das coisas.

Ela me conta, sem certeza, tudo que viveu
Que gostava de política em mil novecentos e sessenta e seis
E hoje dança no Frenetic Dancing Days
Ela me conta que era atriz e trabalhou no "Hair"
Com alguns homens foi feliz, com outros foi mulher
Que tem muito ódio no coração, que tem dado muito amor
E espalhado muito prazer e muita dor
Mas ela ao mesmo tempo diz que tudo vai mudar

Caetano/Tigresa

12 de mai. de 2009

nossa sintonia.

É que as vezes parece que tudo não passou de um sonho bom. E quando paro pra pensar, talvez tenha sido melhor assim. Cada um vivendo sua vida moderadamente, como se nada passase de um intenso e rápido encontro de olhares. Mas na verdade é isso mesmo, né? As pessoas se cruzam, se cheiram, sentem uma atracão animalesca por algo nem sempre explicável ou palpavel e pronto. E essas coisas são o mais bonito da vida. Como era mesmo? Aquela história de viver ao extremo. O negócio é que eu acho que eu gosto de viver extremamente demais. Pra mim as coisas tem de ser sentidas ao máximo. Cada momento. Então acho que é por isso. Eu tinha uma impressão que agente sempre fez tudo no limite. Foi sempre tão no alto. Sempre tão clichê. Mas agora me vejo distante. Se bem que a distância não é o problema. Já nos autodenomino como seres em metamorfose constante. O problema é o que ficou no meio deste caminho. Dentro de mim fica aquela sensação de “o que será que teria acontecido”.Como parar o filme na melhor parte e não saber como termina,sabe? É um incompleto que me faz pensar constantemente se já foi tudo. Eu te devolvo a pergunta. Nada urgente. Pra pensar naqueles dias em que os eus solitários precisam de companhia.

9 de mai. de 2009

Das coisas que agente gostaria de ouvir.

Tu foi a melhor e a pior coisa que já aconteceu na minha vida.

2 de mai. de 2009

Vontades de Coca Cola

A ressaca de ontem a noite despertou o resto do meu corpo que ainda dormia. A outra parte do corpo já estava acordada entrelaçada ao teu. Mas tu ainda dormia, aquele sono velho conhecido meu, e exalava um cheiro de whisky recém tomado. Aproveitei tua ida ao banheiro: respirar fundo, tomar um gole de água e esquecer como seria bom se tu voltasse pra cama e me desse um beijo com aquele gosto de trago e pasta de dente. Depois disso, nos afastamos ainda mais. Tu lia o jornal enquanto eu fumava. Tu fumava enquanto eu olhava os carros que passavam por perto, esperando que dentro de algum deles viesse uma resposta pra tudo que eu ainda não entendo. Ai almoçamos e tu foi embora. Fomos embora. Eu tinha que alugar alguns filmes, comprar umas porcarias pra estocar o armário. Incrivel essa vontade de tomar coca cola que vem do nada. Bom, aí tu vai e mesmo eu sabendo que tu volta, fica essa coisinha encomodando entre a garganta e o peito. E quando eu já to mais tranquila, voltando pra casa sozinha, eu encontro ele, outro problema. Não tão grande e extenso quanto o que tu me causa. Mas problema é sempre problema. Engraçado como ele me pareceu mais baixo que o normal. Mais fraco e nervoso que o normal, também. Tudo bem. Nos comprimentamos e combinamos algumas coisas por pura inércia. Agora fico aqui, com a minha coca-cola e uma pilha de filmes. E espero. Por ele e por ti.

29 de abr. de 2009

Leminski

ali

ali
se se alice
ali se visse
quanto alice viu
e não disse se ali
ali se dissesse
quanta palavra
veio e não desce ali
bem ali
dentro da alice
só alice
com alice
ali se parece.

28 de abr. de 2009

Excesso de cinema

Ta acabando.
O filme ta chegando.
Espero que tudo mude
depois do dia 11.

Tu.
Inclusive.
Mude.
Te mude.


Aqui na minha caminha!

22 de abr. de 2009

O que sobra dos furos da orelha.

Tudo está meio nebuloso e frio.
Acho que é o efeito da anestesia.
E do vento que assombra minha febre.
Pois mesmo quando a dor passa, o choro fica.
É como se alguem batesse no meu ombro e dissesse:
Tu ta sozinha.
Tu ta fraca
E sozinha.
Eu me viro pra esse alguém e luto pela minha fraqueza.
Não luto pela minha solidão. Essa eu já desisti faz tempo.
Nessas horas que um beijo bem dado e
um abraço apertado fazem a diferença.
Agora.
Cadê?

21 de abr. de 2009

Passagem de ida sem volta.



Preciso de férias.
Massagem nas costas,
nas mãos
e no ego.

Preciso de tempo.
Pra mim.
Sem ti.
De nós.

17 de abr. de 2009

Mata-me de prazer.

Te vendo distante meus olhos refletem o que não conseguimos ser.
Nos perdemos no meio do caminho, meu caro.
Que tal um vinho? Ou uma tequila?
Que tal uma noite a mais?
Uma música no violão a mais?
Um beijo a mais?
E se nos despedirmos amanhã?
Hoje já é tarde. Podiamos aproveitar a noite rolando em estrelas que caem de ponta a cabeça.
Não acredito mais no nosso amor. Pra falar a verdade não acredito mais em amor nenhum.
Eu voto no prazer. Puro e pervertido.
Prazer por Prazer.
Corações: que sejam esmagados e batidos em liquidificadores.
E que mande pro diabo histórias de amores eternos.
Cansei de era uma vez.
Quero enlouquecer, gritar, relampejar, chorar.
Ah, amanhã: Bom dia.
Some.

6 de abr. de 2009

Umbigo.

O silêncio que banha meu quarto é o mesmo que acalma meu peito.
Será a solidão apenas uma inquietação de espírito? Ou também um elogio ao ego?
Eu aqui. Minha mente aqui. Meu corpo aqui.
Isso é raro.
Há coisas pra fazer: um filme para dirigir em menos de um mês, projetos capengas que me incomodam até alma, roteiros enredados na minha cabeça, suplicantes por um pouquinho de atenção.
Graças a deus eu saio um pouco dessa turbulência na quinta feira: Uma mochila, alguns amigos, drogas, alcool, meio pulmão e a vontade de fugir.
Ah, não posso esquecer de levar chocolate.
Deondejáseviu comemorar páscoa sem chocolates. Até porque (por que), pra mim, esse é o significado de páscoa: comer chocolates até a lingua dobrar de tamanho e perder a sensibilidade. Depois ouvir do médico “acho que a menina tem alergia a cacau”.
NÃO, MEU SENHOR!
isso se chama intoxicação por excesso de gordura, conhece?
Essa medicina querendo encontrar o óbvio em pessoas não óbvias.
Eu não tenho alergias. Tenho surtos de pele, intoxicação por chocolate, crises de pontadas na testa: vinho demais, computador demais, cigarro demais.
Tudo muito. Sempre né.
Falando nisso, começou a tocar I saw her standing there. Beatles, siempre Beatles.
Vou apagar a luz e dançar pra vocês.
Consegue ver?


Escuta ai e dança também.

4 de abr. de 2009

30 de mar. de 2009

Me da um sorriso e um abraço apertado.

Hoje o dia foi tão cansativo e solitário. Hoje eu procurei olhares que retribuíssem meus olhares. Mas foi em vão. Hoje eu quis chorar a tua ausência, mas só consegui um nó na garganta. Hoje eu quis bailar um rock`n roll, mas meus ouvidos pedem o tango japonês que domina o quarto inteiro. Hoje eu fiz uma prova que não prova nada. Hoje eu questionei meu talento cinquenta e cinco vezes, meu azar com o sexo oposto vinte e três vezes e a importância que tu tem na minha vida duas vezes. Hoje eu chorei vendo uma comédia boba e ri por não te ter do meu lado, mesmo que dormindo. Hoje eu comi dois bombons e me senti culpada. Hoje eu conheci um cara novo, que não chega nem aos teus pés. Hoje eu flertei no msn por pura vaidade. Hoje eu ouvi do meu pai que ele queria ter feito outra coisa da vida: cinema. Hoje eu senti medo de decepcionar todas as pessoas que apostam em mim. Hoje tu não me ligou. Hoje eu quis chorar por qualquer coisa. Hoje eu espero que hoje termine logo.

29 de mar. de 2009

Chico Buarque

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

24 de mar. de 2009

Noite na Taverna

Sabe que essa coisa de internet me excita.
Te imaginar escrevendo, fumando, bebendo
e pensando em mim.
Me sinto como aquelas musas dos poetas malditos. Aquelas que depois da meia noite saem dos pensamentos e caeam em orgias regadas a vinho.
Já mortas, com a pele branca e fria, recebem o gozo de seus amados.
Pois bem. eu já não preciso dos teus carinhos diários.
Minha intensidade é rápida e orgulhosa. E muda a cada dia.
Tu sempre soube disso.
Tu é meu alter ego masculino.
Mesmo não falando nada. nunca. Tu sabe o que me alegra, o que me irrita e o que me deixa com tesão.
Escreve tua próxima história nas minhas costas.
Depois apaga ela com vinho.
E não te preocupa,
eu abro a garrafa com os dentes.

22 de mar. de 2009

uma carta

Pensava enquanto tu ia. Deveriamos ter nos conhecido daqui uns meses, em que as turbulencias pessoais já estivessem encerradas. Que podessemos olhar para dentro de nós com mais calma.
Se bem que calma é algo distante de mim. e de ti também.
Somos dois loucos. Não adianta.
Há o que fazer?
Não.
Agora já nos enocontramos.
Nos sintonizamos.
Sabemos que o pra sempre não existe. Então te convido pra viver o que há de mais alegre e mais bonito.
Podemos correr em direção ao nada e achar o mundo mais colorido. Os nossos sonhos. O amor, a música, o cinema.
Fugir de tudo. Ver o radiohead na china. Cantar música francesa em cuba. Fazer cinema na espanha. Morar em uma comunidade hippie na india.
quem sabe?
Enquanto tu te perde, agente se encontra.
O amanhã não interessa.
Viva a nossa liberdade!
Que o meu coração pare mais vezes perto de ti.

16 de mar. de 2009

Morreu de amor as três da manhã

Esse silêncio
que nos preenche
quando os assuntos se p e r d e m
narespiraçãoofegante
é o resultado do meu coração pervertido
,batendo e pedindo por
ti.

11 de mar. de 2009

Bom dia Brasil

Ba. Ta louco. Acordei muito cedo. 06:59. Isso não é horario de quem estuda de tarde, bebe e fuma depois da aula. Mas eu acordei. Comecei a pensar no roteiro inacabado, no cigarro que esta acabando, no dinheiro que já acabou. Pensei em ti, em mim, em nós. No vinho branco guardado para um brinde. Lembrei também de um antigo comentário de uma colega de colégio:
“Alice querida, tu não tem vocação pra essa coisa de monogamia”.
Ná época lembro de rir. Sentia até uma pontinha de orgulho. A “destruidora de corações”. Não tinha pena nem piedade. Bebia lágrima de homens. Me rejuvenecia e fortificava. Agora minha cabeça dói. Deve ser culpa do que passou. Trauma dos que passaram. Já são 07:30 e não vale a pena dormir mais. Tenho que buscar meu celular as 09:00 na faculdade de educação fisica. Eu o deixei cair dentro do T9 e uma alma caridosa o achou. Pessoas que fazem esportes são mais felizes, logo não precisam roubar celulares por pura diversão. Ou deve ser só a sorte se manifestando aos poucos. Cheguei a pensar em sair de casa um pouco mais cedo pra ver se te encontro indo para o trabalho. Mas aí seria sorte demais. E eu não tenho tanta. Vou lavar os cabelos agora. Por via das dúvidas.

9 de mar. de 2009

Vômito.

Cara!
Como eu gostei de ti.
Só hoje me dei conta disso.
Hoje que não preciso mais de ti.
Que tenho outro pra sonhar.
Pensei no que deu errado.
Eu fiquei meio cega e não via que nós
fumavamos muito e transavamos pouco.
Tu olhava pra minha cara com o olhar meio cansado, meio chapado e bocejava um sono repugnante.
Eu engolia seco.
Te fazia um carinho na cabeça e dormia salivando um beijo que nunca vinha.
E sabe. Eu te levaria pra qualquer lugar que eu fosse. Dividiria contigo todas as minhas felicidades.
Eu acho que eu dividira tudo contigo.
Por um tempo eu realmente dividi tudo contigo.
Mas na tua cabeça. Na tua cabecinha de menino.
Nós eramos amigos.
Ou mãe e filho.
Ou coleguinhas de baseado.
Eu não queria isso.
Eu nunca quis isso.
Caralho.
Eu queria ser tua mulher. Tua e de mais ninguém.
Tu preferiu só o ninguém.
Uma ninguém.
Pois te digo:
nenhuma é como eu!
Tu sabe disso.
Então volta aqui!
Diz que quer me comer como nunca comeu!
Com amor!
Só pra eu te olhar
,dormir
e sonhar.

1 de mar. de 2009

Barba, cabelo e bigode.

Chega mais perto. Solta esse violão que tu usa de escudo e de espada. Olha fundo nos meus olhos. São olhos sem folêgo.
Consegue ver?
Chega mais perto então. Brincar de amizade eterna não é comigo. Eu sou urgente. O pra sempre não me interessa.
Tu vai me desmontando aos poucos. Me deixando sem armas. Sem fala.
Quase núa
Posso esperar. Mas esperar cansa.
E não fala mais em ir embora amanhã. Eu quero hoje. O futuro só interessa os fracos.
Vamos ver o sol nascer e se pôr. Aqui, alí ou em qualquer lugar.
Só enquanto a lua reina.
Chega mais perto.

"me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
afim de te acompanhar
e se o caso for de ir a praia
eu levo essa casa numa sacola.."

27 de fev. de 2009

coração vagabundo.

26 de fev. de 2009

Sobre os confetes do fim do carnaval

Mexo e remexo em plavras procurando a deixa certa. Queria explicar, declamar, divagar.
Mas falar de amor é mais fácil. Vivemos e desvivemos todos os dias. Todos os amores. Dificil mesmo é falar de abraço sincero. De boa companhia. De boa risada. Complicado é encontrar alguém que o destino destine. Que seja tão real e surpreendente que pareça mentira, piada de criança.
Sob uma chuva de confetes tive a certeza que aquela amizade era pra sempre.
E mesmo que nossos sonhos matrimoniais não se realizem e que hoje viver nesse mundo tão ao contrário nos confunda a cabeça, sei que sairemos sempre vivas.
Brindando as coisas coloridas da vida.
Da quinta feira de carnaval fica o confete rosa preso no meu ombro.
Fica também a vontade de girtar pro mundo:
Eu encontrei dentro desse labirinto alucinante mais uma das minhas.

“May God bless and keep you always,
May your wishes all come true,
May you always do for others
And let others do for you.
May you build a ladder to the stars
And climb on every rung,
May you stay forever young,
Forever young, forever young,
May you stay forever young.”

19 de fev. de 2009

Lucy in the Sky with Dimonds

Eu queria um corpo do meu lado
Nesse minuto.
Algum corpo que encaixasse no meu e
me fizesse esquecer que o vento que sai do ar condicionado machuca minha pele.
Algum.
Não todos.
O teu.
ÉISSO.
Eu queria o TEU corpo no MEU corpo.
Arrepiando todos os pelos.
Tu já pode desligar o ar viu.
Eu já estou com frio e esse corpo que não chega.
Que não me aquece.
Onde tu ta?
O-N-D-E-T-U-T-A-?
Ta dormindo?
Em que parte do Brasil?
Em que lugar do mundo?
Acorda!
Vem!
Me bebi de café da manhã.
Eu arrumo tua gravata e te dou um beijo na testa.
Eu sou o inesperado.
Será que tu ainda não percebeu.
Eu mudo os caminhos.
Ou melhor
eu inverto as placas de direção.
E tu te perde.
E se afoga.
E morre.
Será que tu consegue ser egoista até quando morre afogado?
Caralho!
Me deixa sozinha nadando em uma falsa impressao de refresco quando a previsão é de calor intenso.
Um copo dágua por favor!

18 de fev. de 2009

Devaneios restantes

Eu criei expectativas sim.
Que que eu posso fazer agora?
Elas já estão dentro de mim.
Entrando em ebulição enquanto espero os dias trocarem.

Tu acha que pra mim era fácil?
Te ver constantemente tão perto e tão distante.
Porque com a gente as coisas sempre foram tão, não é?
Tão derepente.
Tão forte.
Tão cheio de sintonia.
Tão fantasiosamente real.

Tinha dias que eu nem acreditava que tu existia.
Eu chegava em casa depois de uma quadra de caminhada e pensava que não era possivel.
Como pode?
Alguém conseguir tirar o que há de mais profundo e mais superficial em mim.
Sem ter que beijar a minha nuca, tirar minha blusa.
Como pode?
Eu vivendo relações carnais mas gozando em uma relação puramente imaginaria.

Não que isso não seja necessario e que eu não quisesse dormir contigo em todos os cantos daquela casa, mas é que só o fato de ficar lá, olhando pra tua cara me dizendo como eu era a-f-u-d-e já me bastava.
Me bastou.

Mas tudo bem. Eu to aqui.
Tu ta ai.
Expectativas são apenas momentos.
Momentos passam.
Isso foi o passar de um devaneio.
Preenchendo uma saudade.
Passageira do que ainda não voltou.

7 de fev. de 2009

En chile

Uma miragem em meio ao calor desorientante do deserto.

2 de fev. de 2009

Até logo.

Levarei comigo as tuas desculpas esfarrapadas, teu sorriso desajeitado e tua falta de iniciativa.
Colocarei na mala todas as vezes que meu olhar não encontrou teu olhar perdido.
Enterrarei nas areias do deserto aquilo que eu mais gosto em ti.
Deixarei tudo lá.
Queimando e derretendo no frio das noites estreladas.

Não me espere a mesma.
; )


“Nosso amor não deu certo
Gargalhadas e lágrimas
De perto fomos quase nada
Tipo de amor que não pode dar certo na luz da manhã
E desperdiçamos os blues do Djavan
(...)
Nosso amor é bonito
Só não disse ao que veio
Atrasado e aflito
E paramos no meio
Sem saber os desejos
Aonde é que iam dar”

30 de jan. de 2009

Dreamers


Te prende
na rede
que embala
o sonho
do meu sono.
Antes que eu acorde.

26 de jan. de 2009

"Pornografia" em quatro estações.

Vendo seu reflexo no espelho, Catarina sorriu.
O outono já acontecia nas ruas e um tapete de folhas cobria a calçada.

Em dias frios e ventosos como aquele, ela costumava se sentir mais bonita.
Suas faces brancas avermelhavam e contrastavam com os cabelos mais escuros.

Em volta do pescoço o velho cachecol. Nos ouvidos tocava Bob Dylan.
She makes love just like a woman ele dizia.

E ela sabia que fazia.
Fazia amor, sexo, trepava, transava.
Como uma louca.
E era justamente nestes dias cinzentos que ela queimava por dentro.

Catarina saiu de casa decidida.
Seu corpo estremecia e lhe fazia lembrar que o inverno estava próximo.
Pensou em subir de volta. Fazer um chá e aquetar a alma.
Desistiu dois segundos depois.
Ela queria sim, um bom vinho e um corpo ao seu lado.

Depois de 15 minutos de transporte público, Catarina desceu em seu bar de sempre. Pediu o vinho de sempre e esperou o cara de sempre.
Este não veio.

Mais 20 minutos. Mais duas taças de vinho.
O celular tocou.
Um outro cara que ela conhecera a pouco tempo.
Ele era bonito, inteligente, charmoso. Gostava de Dylan.
Chegou encasacado e de cachecol.
Cachecol era sexy. Ela sempre achou.

Conversaram mais uma garrafa de vinho. Deram meia duzia de beijos.
Meus pais foram pro sitio. Ele lembrou.

O chão da sala virou cama.
Beijos e amassos se misturavam com gemidos molhados.
Seus corpos se uniram de tal forma que viraram um só.
Ela sentia latejar suas pernas, sua barriga, sua nuca.
Parecia que tudo gozava ao mesmo tempo.

Depois de 4 horas não se escutava mais nada além
da respiração ofegante dos dois.
Desabaram em um sono único.

Catarina desapareceu na neblina invernosa que assustava a manhã de outono.
Ela transpirava verão e sorria primavera.

uma frase

Como un guerriero entre el sangre y dolor, mi sonrisa hace flor. (Leandro Borges)

25 de jan. de 2009

Depois de um domingo abafado.

E agora?

Será que tu não é velho demais? Será que nos daremos bem? Nos veremos de novo? Nos beijaremos mais e depois transaremos feito loucos? Será que vai ser bom? Tu dirá palavras obscenas no meu ouvido? Será que eu vou me apaixonar? Tu vai te apaixonar? Será que tu gostou do meu jeito? Será que eu não vou pensar em outros? Tu vai me comparar a antigos amores? Será que tu me dará flores? Será que eu vou derramar lágrimas por ti? Tu vai te dar bem com os meus amigos? Bailaremos um Rock`n roll? Será que tu vai gostar dos meus filmes prediletos? Falaremos de cinema, comida e relacionamentos errados? Falaremos de nós? Nos conheceremos melhor? E agora?


Me ensinaram a gostar assim. Na incerteza.

Poís bem.

Tinham razão.

O gosto do gosto é bem melhor.

23 de jan. de 2009

Don`t look back.

A festa acabou.

Não quero mais!
Ouviram?

Quero só um pouquinho de paz.

Quero meu celular, minha carteira
e meu coração de volta.

Ahh! Essa dor no peito?
Essa podem levar. Não me faz falta.






E uma última coisa:
Os discos do Dylan.
Ficam.
Aqui.

22 de jan. de 2009

Uma de amor.

Dice que no sabe

dice que no sabe del miedo de la muerte
del amor

dice que tiene miedo de la muerte de la muerte del amor
dice que el amor es muerte es miedo
dice que la muerte es miedo es amor
dice que no sabe*







*Alejandra Pizarnik
(1936 - 1972)

21 de jan. de 2009

Tem uma foto tua em baixo do meu travesseiro.

Te queria
meu
único
exclusivo
meu.

Te queria
fora da
rotina,
diferentemente
igual
todo dia.

Te queria
sem passado
em um
futuro
passado
a limpo.

Te queria, te queria, TE QUERIA,Te QueRia, TE QUeriA,
te quero, Te QUERO, Te QUeRo.
Te queria e Te quero.

Nao como antes.
Como agora.



Ah, e compra um vinho que o meu acabou.

19 de jan. de 2009

ponto

Dessa vez ela não teve problemas pra dormir.
A noite antrerior havia sido turbulenta e o que não lhe faltava era sono.
Ela acordou.
Seus olhos ainda estavam vermelhos das lágrimas sem sentindo.
O céu estava cinzento e as ruas cheias de água.
Havia uma certa leveza na sua alma.
Sentia-se livre como nunca.
Ascendeu um inscenso e fechou um baseado.
Sentou na janela e silenciosamente tomou decisões.
Se entregaria menos.
Amaria com menos intensidade.
Cuidaria mais de si do que dos outros.
Não procuraria mais ninguém que a tenha feito sofrer.
E principalmente
Seria menos ingênua.
Bem menos.
Pensou em mais algumas bobagens olhando para o nada.
Apagou o que ainda restava do baseado.


Se reconheceu ao ver seu reflexo no espelho.


“O homem que hoje me amar
encontrará outro (outros) lá dentro
pois que o mate.” Elisa Lucinda

18 de jan. de 2009

Onde foi parar o amor que estava aqui?

Onde está o amor que foi parar?

O amor foi onde?

Aqui está o amor?

O amor?

AMO

16 de jan. de 2009

eu
e
tu
somos
um
reflexo
daquilo
que
podemos
ser
juntos.

12 de jan. de 2009

Virando a esquina.

Te disse que eu escreveria por horas depois de horas de conversa.

Mas não foi assim.

Não pensei em mais nada.

Só em ti.

E em mim.

Sinceramente você pode se abrir comigo
Honestamente eu só quero te dizer
Que eu acertei o pulo quando te encontrei
Acertei

Eu sei a palavra que você deseja escutar
Você é o segredo que eu vou desvendar
Você acertou o pulo quando me encontrou
Acertou o pulo quando me encontrou

Eu aqui e tu ai.

Hoje. Caminhando na rua encontrei aquele inscenso que tu gosta.
Sabe aquele com o cheiro doce? Que o original tem a capinha azul e o falsificado tem uma capinha meio marrom.
Aquele que tem o cheiro do teu quarto, sabe?
Pois então, eu tava caminhando na Borges e encontrei. Uma velinha, dessas bem velinha, tava vendendo. Quando eu pedi esse, ela olhou no fundo dos meus olhos como quem entendesse o porque daquele cheiro.
Sim, era o falsificado e eu comprei três caixas.
Cheguei em casa e ascendi.
O cheiro forte se espalhou por todos os cantos do meu quarto.
Derepente me vi ai dentro.
Dentro de ti.
Os cheiros se misturavam. O meu o teu e o do inscenso.
Minha mãe entra no quarto e o cheiro-delirio se transforma em cheiro-reclamação. O cheiro encomodava o resto da casa.
Eu desejava estar ai agora.
Fazer o que.
Eu tu e o inscenso.

7 de jan. de 2009

Na falta de mim tem eu mesma.

00:04
Faz apenas meia hora que queimou o último baseado.
Minha cabeça dança ao som de Amelie Poulain.
O teto do quarto parece mais alto e distante.
Um mendigo bêbado canta Frank Sinatra nas calçadas.
Comandante Che me avisa da parede que a casa já dorme.
Tua ausência inflama e invade meu corpo que grita um silêncio angustiante.
Montanhas de travesseiros magneticamente me puxam em direção ao colchão.
Meus filmes prediletos tentam chamar minha atencão na estante.
Eu os ignoro.
eles me lembram Ele.
ou Eles.
Já nem sei mais.
São tantos ele que prefiro minha solidão.
Minha solidão acompanhada.


Salve Che, Bertolucci, Beatles.
Salve Millos, Mutantes, Chico.

Vou desligar a luz.