3 de nov. de 2009

caixa de cartas #2

Oi. Oi não. Boa noite. Boa noite de chuva. Acabei de chegar em casa. Eu disse que eu não fumaria mais durante o dia, né? Pois é. Ainda não consigo controlar meus impulsos e nossa, vou te dizer: Nada como uma tarde chuvosa. Vim da casa do paulista. Eu já te falei sobre a casa dele? Parece que ele coleciona quinquilharias de todos os tipos. O quarto dele tem uma luz vermelha que penetra o corpo e desperta aquele meu lado que tu conhece melhor que ninguém. Acho que eu te escrevo querendo que tu me escute. Eu escuto Arnaldo Antunes e seguro a minha cabeça pra que ela não caia pra trás e pese o meu corpo ao encontro do colchão. É estranho essa coisa de estar perto e longe ao mesmo tempo – essa saudade de estar perto se longe, de estar mais perto se perto- . É como uma vertigem, um oásis, um teto de shiva. Acabei com um pote de uvas verdes sem caroço enquanto olhava as nossas fotos. Fiquei intrigada com a força que sai dos meus olhos enquanto te olhava. Tu gosta de uvas verdes? Engraçado eu ainda não saber isso, mas acho que nunca tivemos uma oportunidade para comermos uvas juntos. Mudando de assunto. Eu tava falando com a Ju e ela me falou sobre uma peça que estava em cartaz no rio de janeiro. Gostei do nome: Maquina de Abraços. Hoje era um dia que queria uma maquina dos teus abraços. Queria teu cheiro, tua saliva, teu avesso todo. Entendo que a faculdade seja importante. Importantíssima. Logo, me contento a te escrever. Pensando bem. É bom ter vontade. Estimula a imaginação. Algo talvez não muito necessário nas minhas condições atuais, mas, né. Enfim, vou tomar um banho, passar aquele perfume de limão, colocar uma calcinha preta e dançar na janela.

Estuda bastante. O entorno do tempo é o que o torna interessante.

Te beijo. Daquele jeito.

A.

5 comentários:

Betânia Dutra disse...

ai que coisa mais linda de romântico, nossa. pô alice, não tava em condições de ler isso, lindo de mais.

Everton Cosme disse...

Bom, como a chuva na cara depois daquela garrafa e meia de vinho ouvindo canções que o tempo já esqueceu.
Muito bom, tão bom que ler uma vez é muito pouco.

Paulo Olmedo disse...

Muito bom o texto e o blog. Parabéns!

Everton Cosme disse...

Gracias pelo comentário e pelo elogio, mas para mim saber desenhar não existe, pois todos um dia, mesmo que na infância, desenhamos. O que acontece é uma série de engessamentos e preconceitos que nos são impostos que gradualmente paramos de desenhar.

Mas enfim, ainda tens o cinema, e queres algo melhor que isso?

Como disse o velho Vladimir Maiakovski "O cinema é o destruidor da estética. O cinema é difusor de idéias"

Somos cada vez mais áudio-visuais, e o cinema é parte inerente de todos nós.

Até!

Unknown disse...

Nao sei como parei aqui..

mas é lindo isso

lindo mesmo