21 de jul. de 2009

Ufa!

Meu relógio biólogico pifou. Como tem acontecido, despertei perto das duas e vinte e quatro. Não me dei o trabalho de sair da cama. Faltava um episódio pra terminar a primeira temporada do six feet under.

Meu mais novo vício. Esses seriados deviram vir com tarja preta. Talouco!

Resolvi me movimentar e fazer un exames na auto-escola - Sempre achei chamoso mulheres que dirigem. - Levantei da cama e o dia estava estranho. Pegajoso, molengo, sei lá. Parecia que o dia tinha tomado um porre e estava de ressaca.

Rastejei até o banho. Deixei a água cair. Tentei esquecer do caos do quarto, das montanhas de roupas, dos malditos emails.

Não me deixaram fazer a merda do exame psicotécnico porque eu esqueci a porcaria do comprovante de residencia. Caralho. Eu só teria que desenhar uma casa e um chão. E dizer que eu só bebo socialmente e não uso drogas. Putos, putos, putos.

A atmosfera do dia ainda me causava estranheza. Estava quente. Melhor, abafado. As pessoas estavam abafadas, cansadas.

Já estava perto da noite e eu ainda não tinha almocado. A Lari só chegaria do trabalho perto das sete horas. Rumei a lanchera. Caminhei ao som de los hermanos e observei. A senhora que parou na loja de artesanato e desejou a vitrine inteira. O guri sorridente que carregava um buquê de girassóis – ele era lindo. o buquê. O amarelo contrastava com o cinza do dia – e ele o carregava com tanto amor. fazia tempo que eu não sentia ciúmes.

Pedi um prensado com tomate. Um suco de maracujá. Não, não. Uma coca. Sim, uma coca. Não sei o que me deu. Pedi uma coca. Tirei o On the road da bolsa. Aquele livro, nesse dia estranho, fazia muito sentido. Esqueci do resto que passava em volta. Naquele momento só existia eu e os malucos caroneiros que rumavam o oeste. Sempre me arrependo do tomate. Voltei pro livro e pra vontade de pegar o primeiro onibus com destino a lugar nenhum.

Aquilo ali é literatura. Disse o rapaz da mesa ao lado. Com o dedo apontado pra minha mesa. Eu sorri. Ele também. Ele não era bonito. Acho que era o olhar. Ou a boca . Algo nele era misterioso. Comi o branquinho que já me esperava fazia um tempo, sorri mais uma vez para o intruso da mesa e fui embora.

O vento me dizia que viria tempestade. Aquele vento quente e úmido. A recomendacao era ficar em casa. Vento a 100km/h diziam no rádio. Fui ver uma peca no gasometro. Nada melhor que a beira de um rio a beira de uma tempestade.

Agora estou em casa. A chuva não chega. Só a janela que anuncia a ventania. Fico eu e o Jack. Penso em voar daqui.
Te encontrar na boca de um ciclone.

4 comentários:

César disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
César disse...

"Afu!" Nem só o Kerouac é literatura, Alice no olho do furacão também. Cada um do seu jeito, 'of course'.. Bem bom, curti o texto! A propósito,'On the road' está, há anos, na minha pilha de "ainda não lidos".. (ou seria na minha lista de "tenho que ler"?), mas por enquanto,Kerouac e a geração 'beat' para mim só naquela letra dos 10.000 Maniacs. A propósito II, há milhares de mulheres que dirigem carros; melhores, entretanto, a meu sentir, são aquelas que dirigem filmes; parece-me haver nisso mais 'glamour', não? Afinal, estas, em número muito menor, ao invés de simplesmente se limitar a pegar, seja carona, seja o volante, rumo ao oeste, atuam de forma deveras abrangente, orientando-se sempre na direção da luz (câmera, ação!), tal qual girassóis, percorrendo, todos dias, a longa estrada do roteiro entre o oeste e o leste, contruído sobre bons argumentos, tendo, ao fundo, a trilha sonora da emoção. Em síntese, parabéns!

Anônimo disse...

Puxa. A Sete Palmos é genial. Já "encerrei" a série. Não precisa nem dizer que chegar as lágrimas foi fácil.
A primeira temporada é genial, mas a mais concisa talvez seja a terceira. Agora junto as moedas para comprar as temporadas e sempre rever...
Os jantares na casa dos Fischer vão ficando cada vez melhores e mais divertidos.

bruno disse...

comecei meu vicio em séries com six feet under... eu nao fiz nada até acabar todas temporadas, na real. e depois ja vi um monte séries boas, mas nenhuma é melhor que essa.