Fui ver a peça
Fando e Lis(todas as quartas de setembro no ocidente, 22h) baseada no texto do dramaturgo Fernando Arrabal e no filme do diretor doidão Alejandro Jodorowsky. O texto é delicado e fala de dependências. Físicas e emocionais. Os atores estão lindos e a trilha é impecável. Lis, paraplégica, e Fando, viajam em busca de uma terra desconhecida. Andam e acabam sempre no mesmo lugar. A convivência é necessária e claustrofóbica. As vezes, perder pra sempre é melhor que manter perto algo corrosivo.
Vale a pena. O livro, o filme e a peça.
"ninguém pergunta nada. estão todos ocupados procurando formas de se enganar" Lis.
Pensando mais a fundo em dependências, lembrei de uma outra obra prima:
O natimorto.Livro genial do escritor brasileiro Fernando Mutarelli.
De forma irônica, bem escrita e muitas vezes assustadora, Mutarelli, narra a convivência de dois excêntricos personagens: uma cantora sem voz e um agente artístico que nada faz. O cara mistura todas as formas possíveis de narracão. Ele brinca com a imaginação do leitor. Cada frase que se lê é uma frase a mais que se tem vontade de ler.
LEIAM! PELO AMOR DE DEUS!
"O Agente - Eu tenho uma sensaçao muita estranha... quase um medo.
A voz - Do que?
O Agente - De que eu só exista para as pessoas quando estou ao lado delas
A Voz - Como assim?
(...)
A Voz - Bom, se fosse assim, como você diz, ninguém mais lembraria de você. Nem seus amigos, nem seus parentes.
O Agente - É, mais ou menos.
A Voz - Com assim mais ou menos?
O Agente - É que quando os revejo, eles se lembram; eu só deixo de existir durante a minha ausência."